Em reportagem, New York Times acaba com a ideia de que apenas os custos menores fazem a empresa sair do seu país na produção; Brasil deve receber fábrica em breve.
Não são apenas os custos menores de mão de obra que estão por trás da decisão da Apple de fabricar a maior parte dos seus produtos fora dos Estados Unidos, de acordo com uma nova reportagem do New York Times.
Publicado no final de semana, o artigo do jornal americano joga um pouco de luz sobre a decisão da marca de usar fábricas em outros países em vez de locais nos EUA – um questionamento que o presidente do país Barack Obama já chegou até a fazer ao ex-CEO da empresa, Steve Jobs.
Segundo o jornal, não seriam apenas os custos menores, mas uma crença de que a fabricação em indústrias da Ásia e da Europa (o Brasil deve receber uma fábrica de iPads e iPhones em breve, por meio da Foxconn) oferece melhor escala e flexibilidade, assim como acesso a mais trabalhadores hábeis e aplicados, indisponíveis nos EUA.
Apesar de a Apple não ter participado de forma oficial da reportagem – a empresa não quis comentar o assunto – há muitas informações obtidas junto a atuais e antigos funcionários da fabricante.
“Essa reportagem é baseada em entrevistas com mais de três dezenas de ex e atuais funcionários e contratados da Apple – muitos dos quais pediram anonimato para proteger seus empregos – assim como economistas, especialistas em produção, experts em comércio internacional, analistas de tecnologia, pesquisadores acadêmicos, funcionários de fornecedoras da Apple, rivais e parceiros corporativos, e oficiais do governo”, diz o NYT.
A Apple possui cerca de 40 mil funcionários nos EUA, com outros 20 mil espalhados pelo mundo. Além disso, algo em torno de 700 mil pessoas trabalham indiretamente para a empresa (por meio de contratantes e afins) – e ficam em sua maioria fora dos EUA.
Um exemplo da razão porque a fabricação acontece no extremo Oriente é a decisão de Jobs de mudar a tela do primeiro iPhone semanas antes do lançamento do produto. O executivo percebeu que suas chaves riscaram a tela de um protótipo do aparelho e exigiu que novos displays.
Um ex-executivo da Apple lembra que em uma unidade de montagem em Shenzhen, na China, 8 mil funcionários receberam "uma bebida quente e um biscoito" e foram colocados para trabalhar na linha de produção das novas telas. Dentro de poucos dias, passavam pela fábrica uma média de 10 mil aparelhos diariamente.
Outra razão para a decisão de fabricar e montar produtos no extremo Oriente é que a infraestrutura necessária já está por lá – fábricas que produzem diversos componentes necessários para montar um iPhone ou iPad, por exemplo. Por isso, enviar todos os componentes para montar os produtos nos EUA simplesmente não faz sentido.
O crescimento da Foxconn, parceira de fabricação da Apple e companhia que monta cerca de 40% dos aparelhos eletrônicos do mundo, é outra razão pela qual a Apple usa o extremo Oriente como base de fabricação.
Uma unidade da Foxcon na China – conhecida como Foxconn City – tem 230 mil funcionários, sendo que um quarto deles mora em alojamentos no local.
A Foxconn emprega cerca de 300 guardas para direcionar o tráfego de caminhada para que os funcionários não sejam esmagados nas passagens estreitas das portas. A cozinha central da unidade faz uma média de três toneladas de porco e 13 toneladas de arroz por dia.
Apesar de as unidades de produção serem limpas, o ar dentro de casas de chá próximas é enevoado com a fumaça e o mau cheio de cigarros, relata a reportagem.
Fonte: Macworld / Reino Unido
Publicado em: 23-01-2012
Publicado em: 23-01-2012
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